terça-feira, 16 de junho de 2009

Limites

Somos as primeiras gerações de pais decididos a não repetir com osfilhos os erros de nossos progenitores.E com o esforço de abolir os abusos do passado, somos os pais maisdedicados e compreensivos mas, por outro lado, os mais bobos einseguros que já houve na história.O grave é que estamos lidando com crianças mais “espertas”, ousadas,agressivas e poderosas do que nunca.Parece que, em nossa tentativa de sermos os pais que queríamos ser,passamos de um extremo ao outro.Assim, somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais ea primeira geração de pais que obedecem a seus filhos…Os últimos que tivemos medo dos pais e os primeiros que tememos os filhos.Os últimos que cresceram sob o mando dos pais e os primeiros quevivem sob o jugo dos filhos.E, o que é pior, os últimos que respeitamos nossos pais e os primeirosque aceitamos (às vezes sem escolha…) que nossos filhos nos faltemcom o respeito.À medida em que o permissível substituiu o autoritarismo, os termosdas relações familiares mudou de forma radical, para o bem e para omal.Com efeito, antes se consideravam bons pais aqueles cujos filhos secomportavam bem, obedeciam suas ordens e os tratavam com o devidorespeito.E bons filhos, as crianças que eram formais e veneravam seus pais.Mas, à medida em que as fronteiras hierárquicas entre nós e nossosfilhos foram-se desvanecendo, hoje, os bons pais são aqueles queconseguem que seus filhos os amem, ainda que pouco os respeitem.E são os filhos quem, agora, esperam respeito de seus pais,pretendendo de tal maneira que respeitem as suas idéias, seus gostos,suas preferências e sua forma de agir e viver.E, além disso, que os patrocinem no que necessitarem para tal fim.Quer dizer; os papéis se inverteram, e agora são os pais quem têm queagradar a seus filhos para ganhá-los e não o inverso, como no passado.Isto explica o esforço que fazem hoje tantos pais e mães para ser osmelhores amigos e “dar tudo” a seus filhos.Dizem que os extremos se atraem.Se o autoritarismo do passado encheu os filhos de medo de seus pais, adebilidade do presente os preenche de medo e menosprezo ao nos ver tãodébeis e perdidos como eles.Os filhos precisam perceber que, durante a infância, estamos à frentede suas vidas, como líderes capazes de sujeitá-los quando não ospodemos conter, e de guiá-los enquanto não sabem para onde vão.Se o autoritarismo suplanta, o permissível sufoca.Apenas uma atitude firme, respeitosa, lhes permitirá confiar em nossaidoneidade para governar suas vidas enquanto forem menores, porquevamos à frente liderando-os e não atrás, os carregando e rendidos àsua vontade.É assim que evitaremos que as novas gerações se afoguem no descontrole e tédio no qual está afundando uma sociedade que parece ir à deriva,sem parâmetros nem destino.Os limites abrigam o indivíduo.Com amor ilimitado e profundo respeito.
*(Monica Monasterio (Madrid-España)